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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

ONDE ESTÁS?


ONDE ESTÁS?
         “E chamou o Senhor Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo e me escondi”. Gn 3.9-10)

         Tento imaginar um sobrevivente, vítima de um terremoto soterrado por toneladas de escombros, totalmente imobilizado sem poder esboçar nenhum gesto de auto-ajuda, vendo sua vida esvair-se com o sangue que jorra de seus ferimentos abertos em seu corpo. Tendo a escuridão como companhia e a consciência e certeza do “gran finale” sombrio de sua vida.
         Em micro segundos, tudo aquilo que foi sua vida descortina-se ante seus olhos e mente enquanto seu corpo inexoravelmente continua sendo esmagado pelo peso dos escombros. Carne e pó se fundem em um só elemento como no início.
         O que mais lhe pesa? O peso concreto do concreto ou a triste realidade de que sua existência se finda e que restará muito coisa inacabada em sua vida?
Lembra-se das palavras de carinho e amor que não foram ditas para sua esposa, filhos, pais e amigos. Da retribuição de boa vontade para com seus vizinhos. Dos sorrisos não correspondidos, da mediocridade de suas ações e reações. Lembra-se por ter vivido tanto para si e tão pouco para os outros.
         Seu dia transformara-se em noite e a noite eterna se aproximava de si, resoluta e invencível.
O que mais lhe doía? Difícil de responder. Quantas oportunidades perdidas. Lembra-se das flores e de suas multiformes formas e cores, mas não se lembra de tê-las ofertado a alguém. Lembra-se dos sons das algazarras das crianças, mas não se lembra de ter brincado com elas como criança. Lembra-se do andar trôpego e da falta de memória de alguns idosos, seus conhecidos, mas não se lembra de jamais ter exercido paciência para com eles.
Lembra-se do início de sua caminhada, das mãos que o ajudaram a subir e mantê-lo na posição, mas não se lembra de nenhum gesto de carinho ou retribuição.
Sua lucidez começa a falhar. Quer chorar e não pode, falar e não consegue. Seus olhos estão fechados assim como sua mão; que contraste, o maior homem do mundo deu seu último suspiro com os braços e mãos abertos querendo tocar e abraçar toda a humanidade; mas agora, o mais longe que consegue tocar são seus pensamentos.
Minutos, horas, dias, não sabe precisar. Quanto tempo totalmente na dependência de Deus?
Seus sonhos e esperanças que o mantém vivo começam a se esvanecerem.
Assim caminha ou não caminha o homem. Soterrado por toneladas de escombros de pecado que insistem em tentar impedi-lo de ver a luz e mantê-lo na escuridão da ignorância.
Estes escombros por mais compactos e gigantescos que sejam não são suficientemente poderosos para impedir que a voz do Criador se faça ouvida. Não são intransponíveis e invencíveis para impedir o caminhar do Criador em sua direção. Nunca serão suficientemente grandes a ponto de impedirem que o homem ouça em meio ao caos, a suave voz do Eterno em seu coração.
As trevas nunca tiveram, não têm e nunca terão poder para impedir que a voz do Criados se faça ouvida.
Filho meu, onde estás???
O som dos trovões, nem a explosões dos vulcões ou ribombar das ondas do mar contra os rochedos são capazes de causar interferências para que se ouça a pergunta do Rabi de Israel:
“Onde estás?”.
Esta pergunta nos devolve a esperança ao coração e alegra a alma em meio as montanhas de entulhos que nos cercam.
Não é o fim. O Criador me ama e procura por mim, mesmo que todos, inclusive a família e amigos já tenha perdido a esperança de mudança ou de resgatar e procurar. Mesmo que a busca seja dispendiosa e não haja recursos financeiros ou humanos, que bom que assim seja; assim, a única esperança é e continua sendo os braços ternos no Pai.
- “Onde estás?”.
O Senhor não esqueceu e não desistiu de mim. Eu posso sorrir, sonhar e viver. Por maior que seja a dor e consequência do terremoto do pecado em sua vida.
Por maior que seja a dor que imobiliza, por mais dilacerada que esteja sua carne e alma. Por mais suja que esteja sua roupa e pele. Por mais que a vida diga que não, mesmo assim, creia. Deus te procura e procura por que nunca deixou de amar. Embora tendo se rebelado e desobedecido, mesmo assim Adão ouviu a voz do Senhor porque Ele estava perto.
Nada e nem ninguém no céu, na terra ou debaixo da terra (anjos, homem ou demônios) podem impedir que você ouça a voz do Senhor, exceto se Ele assim o quiser.
- “Onde estás?”.
É o o raio de sol que iluminou a ponte que Deus estabeleceu para contactar-se com o homem.
Antes mesmo do anúncio da vinda do Messias de Israel, Yaweh já procurava por mim e por você para nos dar vida e esperança.
O que responder a Ele? 
"Onde estás?"

Estou aqui Senhor.