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sexta-feira, 22 de julho de 2011

PARÁBOLA

PARÁBOLA SOBRNIDADE.

     Nos tempos de Herodes, rei da Judéia, havia um escriba de nome Nicolau. E era Nicolau justo e irrepreensível na obediência aos preceitos do Senhor seu Deus. Sucedeu ser Nicolau possuidor de modesta quantia de bens, o que lhe proporcionava um viver simples, porém confortável. Mas eis que não havia felicidade no seu coração. Não eram de agradecimento as suas preces ao Senhor, mas de suplicas e lamentos.
     Abnegado e servidor, porém nunca reconhecido por suas contribuições, dedicava todo o seu tempo a implorar que o Senhor dele fizesse um instrumento de alguma obra notável, pois não queria terminar seus dias na vala comum dos anônimos e esquecidos.
     Assim, todas as noites, posto o sol, permanecia Nicolau em sua janela, jejuando e flagelando-se até o limite do suportável, fazendo orações sem fim e interrogando o infinito. Mas ia se escoando o tempo, e nenhum sinal da vontade do Senhor se manifestava.
     Uma manhã, veio acordá-lo Sara, sua mulher. Surpreendido pelo cansaço, Nicolau havia adormecido à janela. Era já a hora undécima de um dia claro.
     Indagou Sara: “Viste, Nicolau, a estrela que por toda a note clareou os céus?”
     Respondeu-lhe Nicolau: “Não, eu não a vi. Fui interrompido em minhas preces por um viajante que passava, e logo adormeci”.
     Novamente perguntou-lhe Sara: “Quem seria tal viajante? Por acaso eu o conheço?”
     “Não”, replicou fatigado Nicolau, “era apenas um carpinteiro de Nazaré da Galiléia e sua mulher grávida. Vieram para o recenseamento. Atirei-lhe algumas moedas e ordenei que seguisse viagem. Creio que falou algo sobre pernoitar no estábulo, mas não dei atenção.”
     E Nicolau agradeceu ao Senhor por tê-lo poupado da inconveniência de que, aquela mulher desconhecida viesse a dar à luz justamente em sua casa. E voltou a suplicar aos céus pelo milagre que o faria um homem famoso por todo o sempre.